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Normal People e as coisas que não confessamos


Imagem: Pinterest


Normal People é um romance irlandês, publicado por Sally Rooney em 2018. O enredo conta a história de dois estudantes: Connell e Marianne, que se conhecem desde muito jovens. A história do casal é narrada através de um jogo temporal, sacada da autora para fazer com que o leitor sinta um pouco de como é a relação dos dois, repleta de vais e vens e desentendimentos.


Em Normal People, o que é não dito é mais determinante do que o que é pronunciado desde o começo, já que o relacionamento dos dois se estabelece a partir de cumprimentos não trocados. O olhar fala na maior parte da narrativa, no entanto, é perigoso delegar a responsabilidade da comunicação para um meio de interpretações duplicadas.

Com tantas distinções, o livro usa de um foreshadowing que embora explícito, enlaça o leitor - principalmente o mais romântico - o fazendo esquecer da realidade, que também está cruelmente emplacada em cada página.


A obra se vale justamente do espelhamento. Adoração x reclusão; são as respostas assertivas e a coragem de Marianne contra a introversão covarde de Connell. Em diversos momentos a frase "Não é óbvio para mim o que você quer" é dita. Seja pela inabilidade de narrar sentimentos ou de expressar suas vontades um para o outro ou para o mundo, o relacionamento dos dois é colocado em segundo plano mais de uma vez, mesmo que ambos sintam um pelo outro amor e, acima de tudo, conexão.


A escrita de Sally Rooney é direta e o romantismo se faz presente assim como no cotidiano, em detalhes. A conexão entre os protagonistas é criada e reforçada diversas vezes no desenrolar da trama através da intelectualidade. Connell sente que apenas Marianne pode o compreender. Se ele está em viagem, é com Marianne que ele precisa compartilhar suas impressões de ideologia política e cultural dos lugares, se está lendo um livro para a faculdade, é dela que vem a compreensão da obra.


Normal People é sobre juventude e maturidade se mesclando em um único momento que pode durar anos e se propagar pelo resto da vida. A reflexão que Rooney nos deixa ao término da leitura é: o que vale perder por não tomar responsabilidade por nossos sentimentos, o quanto de nós precisa ser destroçado até que enfim, por baixo dos escombros, surja uma coragem crua de professar sentimentos legítimos?

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